BAD prepara seguro contra catástrofes naturais em Moçambique
O Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) está a preparar um seguro contra as catástrofes naturais, para ajudar Moçambique a lidar com fenómenos, como as cheias e os ciclones, desembolsando ajuda mais depressa e contabilizando melhor os danos.
"Estamos a preparar, juntamente com outros parceiros, como o Banco Mundial, uma infraestrutura financeira para melhor gestão dos desastres naturais e estudar a possibilidade de um seguro climático, que pode ser ligado ao fundo de gestão de calamidades e ver que tipo de sistema podemos usar, para a identificação das vítimas, na altura do reembolso pelos danos”, disse Pietro Toigo em entrevista à Lusa, à margem dos Encontros Anuais do BAD, que terminaram sexta-feira em Malabo.
“O chefe de Estado [Filipe Nyusi] está muito interessado. Foi ele mesmo que começou a conversa neste sentido”, apontou o representante do BAD em Moçambique, explicando que a ideia é utilizar a Capacidade de Risco Africana (African Risk Capacity - CRA), uma agência pública, que funciona no âmbito da União Africana, que serve como seguradora para mais de 30 Estados africanos.
Segundo o responsável, “a ideia é que quanto mais países aderirem, mais barato se torna; já existe um seguro bastante avançado contra as secas", estando agora a ser desenvolvido um seguro para cheias e ciclone.
Toigo acrescentou, que uma das grandes vantagens é a rapidez no desembolso das verbas, para ajudar as populações afectadas, que recebem o reembolso em cerca de seis semanas, através de um modelo científico, que permite a contabilização prévia dos estragos materiais e das pessoas afetadas.
“Temos uma avaliação paramétrica. Nesta região temos um determinado número de culturas, de pessoas, de agricultores e de fábricas; uma cheia de x milímetros de chuva num dia significa y danos, e a vantagem é que não vamos avaliar no terreno, usamos o modelo que nos diz que para x chuva, pagamos y, o que demora seis semanas após o acontecimento. Portanto, o objetivo é ter o dinheiro muito, rapidamente, reembolsado para os países”, desde que a contabilização da situação em cada região seja feita, previamente, ao desastre natural, detalhou Pietro Toigo.
“O trabalho, que estamos a fazer agora é a avaliação dos riscos climáticos e a parametrização dos custos das catástrofes naturais”, afirmou.
A CRA é uma agência, uma associação de países africanos, que funciona como uma seguradora privada e financia-se com os pagamentos feitos pelos Estados, que têm de escolher a cobertura, que querem, usando a avaliação paramétrica de contabilização dos custos das catástrofes naturais, concluiu o responsável.
De acordo com informação disponível no site desta agência, a CRA, de que Moçambique é um membro fundador desde 2012, já desembolsou 36,8 milhões de dólares, para ajudar 2,1 milhões de pessoas, afectadas por secas, que põem em causa a segurança alimentar, estando em preparação um programa sobre as inundações fluviais e ciclones tropicais.
O ciclone Kenneth, de categoria quatro (numa escala de um a cinco, o mais forte), matou 45 pessoas e afectou mais de 160 mil pessoas.
Moçambique foi pela primeira vez atingido por dois ciclones na mesma época chuvosa (de Novembro a Abril), depois de em Março o ciclone Idai, de categoria três, ter provocado 603 mortos.
Ler maisFMI elogia gestão da dívida pública
O Fundo Monetário Internacional (FMI) elogia o Governo moçambicano pelas medidas que tem vindo a tomar visando fortalecer a transparência e melhorar a gestão da dívida pública.
O posicionamento do FMI foi assumido recentemente pelo conselho de administração desta instituição financeira multilateral, durante um encontro com representantes do Governo moçambicano, para avaliar a evolução da economia e as políticas económicas do país.O encontro teve lugar em Washington, nos Estados Unidos.
Na ocasião, os representantes do FMI manifestaram-se favoráveis ao recente acordo para a reestruturação da dívida, rubricado entre o Governo moçambicano e credores privados.
Em comunicado de imprensa emitido no final do encontro, o FMI defende a necessidade de o país adoptar e implementar uma estratégia de endividamento que enfatize o reforço da supervisão dos empréstimos, incluindo os destinados a financiar as empresas públicas.
“O conselho de administração encoraja o governo moçambicano a prosseguir com os esforços para alcançar a estabilidade macroeconómica duradoura e o crescimento inclusivo, bem como a dar resposta aos desafios em matéria de governação, trabalho de reconstrução e aumento à resiliência a choques externos, inclusivamente aos ligados a eventos climáticos extremos”, frisa a fonte.
Em relação à ajuda de emergência e reconstrução no âmbito dos ciclones Idai e Kenneth, o FMI defende que dada a magnitude das necessidades era expectável um apoio acrescido da comunidade internacional.
Nesse contexto, os administradores do FMI apelam às autoridades moçambicanas a prestar particular atenção às áreas afectadas, num cenário em que a ajuda relacionada com os ciclones vai sendo gradualmente retirada.
“O conselho de administração encoraja a gestão cautelosa da política monetária do Banco de Moçambique e incentiva esta instituição a continuar a fortalecer a sua capacidade de supervisão, modernizar o quadro de resolução bancária e aperfeiçoar o regime de política monetária, aproveitando a melhoria das comunicações, o aumento das capacidades técnicas e a reforma e actualização da lei do Banco Central”, frisa o comunicado.
O órgão insta igualmente as autoridades moçambicanas a manterem o foco na melhoria da governação, na transparência da gestão dos bens públicos e na responsabilização para reduzir as vulnerabilidades à corrupção.
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