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quarta-feira, 19 fevereiro 2020 09:56

Surto de gafanhotos que atinge a África Oriental chega ao Sudão do Sul

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O surto de gafanhotos que está a afetar países da África Oriental, o pior dos últimos 25 anos, chegou ao Sudão do Sul, anunciaram hoje as autoridades sul-sudanesas.


Cerca de 2.000 gafanhotos foram detetados no país, no estado da Equatória Oriental, perto das fronteiras com a Etiópia, o Quénia e o Uganda, disse aos jornalistas o ministro da Agricultura, Onyoti Adigo, que acrescentou que as autoridades vão tentar controlar o surto.

A praga deve-se às alterações climáticas da região.

A situação na Etiópia, no Uganda e no Quénia "continua a ser extremamente alarmante", afirmou a agência das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) esta segunda-feira.

Entre os países afetados pelo surto contam-se também a Eritreia, a Tanzânia e a Somália, sendo que neste último foi declarada uma situação de "emergência nacional".

O solo do estado da Equatória Oriental, do Sudão do Sul, tem uma natureza arenosa que permite aos gafanhotos colocar ovos com facilidade, afirmou o representante da FAO neste país, Meshack Malo.

Nesta fase será um problema se não conseguirem lidar com a situação, acrescentou.

Os ministros do Sudão do Sul pediram uma resposta regional coletiva ao surto que ameaça devastar as culturas e as zonas de pasto.

O Sudão do Sul não está preparado para lidar com o surto, a sua população encontra-se muito vulnerável. Segundo dados avançados pela FAO, mais de cinco milhões de sul-sudaneses têm carências alimentares e cerca de 860.000 crianças estão subnutridas.

Cinco anos de guerra civil destruíram a economia do Sudão do Sul e a insegurança é persistente, incluindo junto dos agentes humanitários que tentam distribuir ajuda.

Os especialistas afirmam que o único controlo eficaz é a aplicação de pesticidas por via aérea.

A ONU e as autoridades locais dizem que são precisos mais meios aéreos, sendo que cinco aviões já se encontram a atuar no Quénia.

Segundo as Nações Unidas, é preciso, no imediato, um investimento de 76 milhões de dólares (70 milhões de euros) para se erradicar a praga.

O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, disse hoje, durante a sua visita à Etiópia, que os EUA doariam mais oito milhões de dólares para o esforço (sete milhões de euros) para além dos 800.000 dólares (740.445 euros) já doados.

A Comissão Europeia também vai disponibilizar um milhão de euros para combater o surto.

Segundo a União Europeia, esta é uma "resposta imediata à necessidade urgente de reforçar as medidas de controlo para conter o surto de gafanhotos e proteger os meios de subsistência rurais, especialmente os que estão nas zonas mais ameaçadas pela falta de alimentos".

O comissário europeu para a Gestão de Crises, Janez Lenarcic, aponta que esta verba "ajudará os pastores e agricultores das áreas afetadas, que correm o risco de perder os seus meios de subsistência".

O número de gafanhotos, até junho, pode multiplicar-se 500 vezes, devido à estação seca, alertam os especialistas. Mas, por agora, o receio é que as chuvas deixem a vegetação fresca e que esta sirva de alimento à praga.

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