O ministro da Defesa colombiano demitiu-se na quarta-feira, depois de ser acusado de ter ocultado a morte de oito menores numa operação militar, há cerca de dois meses, contra dissidentes da antiga maior guerrilha do país.
Na carta enviada ao Presidente da Colômbia, Ivan Duque, Guillermo Botero afirmou que as atuais "circunstâncias políticas" o obrigaram a apresentar a demissão, lembrando ainda os êxitos alcançados no combate ao crime.
"Aceitei a demissão", anunciou Duque na rede social Twitter. "Quero agradecer o compromisso, o sacrifício e a liderança", acrescentou.
Na terça-feira, durante um debate de uma moção de censura contra Botero, o senador do Partido da Unidade Nacional Roy Barreras acusou o responsável de ter ocultado uma operação militar durante a qual "crianças foram bombardeadas".
"Estou convencido de que o ministro ocultou informações não apenas dos colombianos, mas do Presidente", declarou o senador Barreras na quarta-feira.
Botero era já alvo de críticas crescentes devido aos vários incidentes na campanha do Governo contra grupos armados dissidentes.
Botero descreveu as acusações como "informações especulativas", enquanto as forças armadas colombianas afirmaram desconhecer a presença de menores durante a operação militar.
No entanto, o gabinete do procurador-geral indicou, ainda na quarta-feira, que oito menores morreram na operação em San Vicente del Caguan, região no sul do país controlada por dissidentes da antiga guerrilha colombiana Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), que em 2016 assinou um histórico acordo de paz com o Governo colombiano.
O caso remonta a 30 de agosto quando Duque anunciou a morte de nove dissidentes das FARC, incluindo um líder do movimento conhecido como "Gildardo Cucho", durante uma operação militar de larga escala.
No início de setembro, as forças armadas colombianas elevaram para 14 o número de mortos na operação realizada em San Vicente del Caguán, no sul do país.
Este caso junta-se a uma série de outros incidentes que indignaram a sociedade colombiana, pondo em causa a conduta dos militares na crescente violência contra comunidades indígenas e líderes sociais, em regiões onde grupos armados ilegais disputam território e rotas de drogas.