Um caminho em pedra que terá sido usado há cerca de 2.000 anos por peregrinos e mandado construir por Pôncio Pilatos foi descoberto perto do Monte do Templo, em Jerusalém, com uma centena de moedas antigas, anunciaram hoje investigadores.
Num novo estudo publicado no Journal of the Institute of Archaeology, da Universidade de Telavive, os investigadores da Autoridade de Antiguidades de Israel dizem ter feito o achado na chamada "Cidade de David", no Parque Nacional dos Muros de Jerusalém.
Os especialistas revelam, no estudo, que a construção do caminho em pedra terá sido comissionada por Pôncio Pilatos, governador da província romana de Judeia e figura retratada na Bíblia como responsável pela crucificação de Jesus, aproximadamente em 31 depois de Cristo.
Após seis anos de profundas escavações arqueológicas, os investigadores das autoridades israelitas e da universidade descobriram uma secção com 220 metros de uma estrada que já tinha sido identificada por arqueólogos britânicos em 1984.
A estrada ascende da Piscina de Siloé, no sul, em direção ao Monte do Templo, local sagrado para as chamadas "três religiões do livro" (Cristianismo, Judaísmo e Islamismo).
O Monte do Templo, localizado dentro da Cidade Velha de Jerusalém, tem sido local de veneração desde há milhares de anos, e, contam os fiéis, que na época da construção da estrada, Jesus terá curado um homem cego dizendo-lhe para lavar os olhos na Piscina de Siloé.
As moedas encontradas por baixo das pedras do caminho estão datadas entre 17 e 31 depois de Cristo, dando fortes evidências de que os trabalhos de construção tenham começado quando Pôncio Pilatos governava a Judeia.
"A datação através das moedas é muito exata", assinala no artigo Donald T. Ariel, arqueólogo e especialista em numismática da Autoridade Nacional para as Antiguidades de Israel.
Como as moedas têm cunhado o ano da sua produção, significa que a estrada foi construída no mesmo ano ou depois.
Com 600 metros de comprimentos e oito de largura, o caminho foi pavimentado com pedras de calcário largas, uma cobertura habitual durante o Império Romano.
"Se fosse mais uma estrada para ligar o ponto A ao B nunca teria sido construído da forma grandiosa como foi", comentam, no estudo, os arqueólogos e coautores Joe Uziel e Moran Hagbi, indicando que as pedras foram finamente polidas e ornamentadas, tratando-se do que deveria ser um caminho especial.
A estrada estava coberta com camadas de entulho que os investigadores tiveram de retirar, trazendo também à luz armas enterradas, como pontas de flecha e fundas usadas para atirar pedras.