O Presidente da China partiu hoje para a primeira visita, desde 2005, de um líder chinês à Coreia do Norte, para abordar, entre outras questões, o programa nuclear, dado o impasse nas negociações com os Estados Unidos.
Este é o quinto encontro com Kim, desde que o líder norte-coreano adotou a via diplomática, abrindo-se ao diálogo com os Estados Unidos, a Coreia do Sul e a China, no início do ano passado.
A cimeira surge numa altura em que Xi e Kim estão em disputa com o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em torno do comércio e da desnuclearização, respetivamente.
Xi deverá apoiar a proposta norte-coreana, mediante a qual Pyongyang abdicará gradualmente do arsenal nuclear, à medida que as sanções económicas forem levantadas.
Num artigo publicado na imprensa oficial de ambos os países, antes da viagem, Xi elogiou a Coreia do Norte por se mover na "direção certa" para resolver questões da península coreana.
Xi, que não mencionou diretamente as negociações com os EUA, lembrou a relação de sete décadas entre os dois países vizinhos e aliados comunistas.
A visita coincide com o 70.º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas entre a China e a Coreia do Norte e ocorre nas vésperas do 69.º aniversário do início da devastadora Guerra da Coreia (1950-53), que terminou com a assinatur a de um armistício, ainda não substituído por um tratado de paz.
Nos manuais escolares chineses, a Guerra da Coreia é designada "Guerra para Resistir à Agressão Imperialista Americana e Ajudar a Coreia".
A visita de Xi foi anunciada, na segunda-feira, pelo Departamento da Ligação Internacional do Comité Central do Partido Comunista da China, ao invés do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, como é costume nas deslocações do chefe de Estado chinês.
Para o professor de Relações Internacionais da Universidade de Jilin, província chinesa situada junto à fronteira com a Coreia do Norte, "a China e a Coreia do Norte vão enfatizar a sua amizade tradicional, forjada no sangue derramado".
"Isto é muito raro, mas necessário para os dois lados, numa altura em que os Estados Unidos são outra vez os rivais de Pequim e Pyongyang", disse Wang Li à agência Lusa.