Na Etiópia, foi declarado o estado de emergência por seis meses. A decisão do governo segue-se a vários meses de confrontos e instabilidade política. Segundo algumas ONG, o balanço, só na região de Oromiya, é de mais de 500 mortos, desde o ano passado – Números que o governo considera exagerados. É a primeira vez em 25 anos que esta medida de exceção é decretada na Etiópia.
“A origem deste estado de emergência está nas forças contrárias à paz, que em colaboração com entidades estrangeiras, inimigas do país, estão a constituir movimentos organizados para desestabilizar o país e impedir a paz e a segurança das pessoas”, disse o primeiro-ministro Hailemariam Desalegn.
O estado de emergência não implica um recolher obrigatório, mas esta medida pode ser decretada local e pontualmente. Entre os habitantes da capital, Addis Abeba, as opiniões são várias: “O estado de emergência não é uma solução. Pode ser uma solução temporária, mas não é uma forma duradoura de resolver os problemas”, diz um homem. Outro acrescenta: “Na minha opinião, esta declaração do estado de emergência por parte do governo só peca por tardia. Se a decisão tivesse sido tomada há mais tempo, esta destruição que está a varrer o país não teria acontecido”.
Os últimos dias têm sido particularmente violentos. O descontentamento para com a classe política da Etiópia aumenta ao mesmo tempo que a seca está a por fim a uma série de anos de crescimento económico. Os protestos mais sangrentos aconteceram no domingo, dia 2 de outubro. Pelo menos 52 pessoas morreram esmagadas, num festival religioso, depois de a polícia ter disparado tiros para o ar e usado gás lacrimogéneo para dispersar a multidão.