A greve geral de três dias convocada pela Conferedação Sindical do Zimbabué chega hoje ao fim, depois de confrontos entre manifestantes e forças de segurança terem provocado pelo menos oito mortos e dezenas de feridos.
A greve foi convocada pela confederação de sindicatos que considerou "uma loucura" o aumento do preço dos combustíveis anunciado pelo Presidente do país, Emmerson Mnangagwa, no sábado.
Na noite de sábado, Emmerson Mnangagwa anunciou a multiplicação dos preços da gasolina em 2,5 vezes, na esperança de reduzir o consumo e os tráficos associados à desvalorização da moeda.
O anúncio de Mnangagwa colocou o Zimbabué como o país com os combustíveis mais caros no mundo, de acordo com o portal GlobalPetrolPrices.
Atualmente, o preço médio de um litro de gasóleo cifra-se nos 3,11 dólares (cerca de 2,73 euros) e um de gasolina nos 3,33 dólares (cerca de 2,92 euros).
Segundo o mesmo portal, os combustíveis no Zimbabué superaram assim o agora segundo valor mais alto, Hong Kong, cujo valor comercial de um litro de gasolina se negoceia por 2,04 dólares (cerca de 1,79 euros).
De acordo com a Amnistia Internacional (AI), oito pessoas morreram na segunda-feira, quando a polícia e o exército do Zimbabué abriram fogo sobre a multidão, levando ainda a ferimentos em pelo menos outros 26 manifestantes.
Já nesta terça-feira, durante o segundo de três dias de greve geral, um helicóptero lançou gás lacrimogéneo contra manifestantes que bloquearam uma estrada e queimaram pneus, descontentes com o aumento de combustíveis conduzido pelo Governo.
Na televisão estatal, a ministra da Informação, Monica Mutsvangwa, considerou que as manifestações contra o Governo são comparáveis a "terrorismo" e afirmou que estavam "bem coordenadas" pela oposição.
A ministra pediu à população que regressasse ao trabalho, adiantando que as forças governamentais iriam garantir a sua segurança.
O acesso a plataformas sociais, como Facebook, Twitter e Whatsapp, foi limitado, empresas e escolas encerradas e transportes públicos suspensos, apesar das promessas do Governo que assegurava a segurança.
O Presidente zimbabueano está na Rússia, onde se reúne com representantes de vários países - incluindo o chefe de Estado russo, Vladimir Putin, - em busca de empréstimos e investimento internacional.
Emmerson Mnangagwa, na liderança do Zimbabué há um ano, desde a demissão de Robert Mugabe, estará no Fórum Económico Mundial, em Davos, Suíça, na próxima semana.