Depois de um ano em que dois ciclones contribuíram para a redução no crescimento, a economia moçambicana espreita avanços significativos no futuro, alicerçados no clima de estabilidade económica e no reforço das reservas externas já alcançados.
Segundo a economista-chefe do Banco Mundial em Moçambique, Shireen Mahdi, desde meados de 2017, o metical tem-se mantido estável, contribuindo para a redução das pressões inflacionárias, o que cria espaço para um ciclo de estabilização da política monetária.
Falando ontem, em Maputo, durante a apresentação do relatório sobre a economia moçambicana, Shireen Mahdi disse que esta tendência também tem contribuído para a procura de crédito que, em Setembro, começou a registar um crescimento em termos reais.
No relatório semestral, o Banco Mundial salienta que apesar dos sinais positivos, a economia continua com uma agenda inacabada em termos de crescimento inclusivo, sustentabilidade fiscal e acesso equitativo aos serviços mais básicos.
“Tendo ultrapassado uma grande parte da volatilidade económica, o desafio para Moçambique continua a ser o crescimento lento”, consideram os analistas do Banco Mundial.
Acrescentam que o crescimento económico terá reduzido para 2,3 por cento em 2019, depois de 3,3 por cento em 2018, tudo por culpa do abrandamento na produção do carvão e o impacto dos ciclones, principalmente na agricultura, que afectaram o desempenho da economia no país.
O documento alerta, igualmente, para o facto de Moçambique estar a entrar para um período de aumento do défice da conta corrente à medida que vai entrando na fase inicial do ciclo de investimento no sector do Gás Natural Liquefeito (GNL).
“Moçambique entra neste ciclo com uma posição mais favorável em termos de reservas externas. Contudo, o fraco desempenho das exportações de produtos não extractivos, o crescimento mais reduzido dos principais parceiros comerciais e os movimentos dos preços das matérias-primas continuam a ser fontes de risco externo”, sustenta.
O relatório é uma publicação semestral do Banco Mundial e faz uma radiografia da situação macroeconómica do país. Em cada edição os analistas elegem um tema de fundo e, desta vez, concentrou-se no “Investimento nas Infra-estruturas Básicas no País”.
Nesta rubrica, o Banco Mundial apela aos formuladores de políticas em Moçambique para que estejam atentos ao crescente défice de investimento rural.
Destaca que, no geral, a disparidade no acesso a infra-estruturas básicas tem aumentado entre as áreas rurais e urbanas, especialmente nas partes recônditas das províncias do Centro e Norte de Moçambique – que também são as mais pobres.
Salienta que o programa de investimento público de Moçambique faz progressos limitados na redução das disparidades de acesso durante os anos de expansão de investimentos entre 2008 e 2015.
O relatório conclui, recomendando o estabelecimento de metas específicas para alcançar as zonas desfavorecidas no Plano Quinquenal do Governo e no Plano Económico e Social, adoptando uma abordagem prospectiva para atingir áreas com populações crescentes e continuando a reduzir ineficiências na alocação de recursos.
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