Várias pesquisas demonstram que quando uma mulher e um homem são colocados na mesma situação envolvendo uma soma de dinheiro, as mulheres tendem a partilhá-lo mais generosamente do que os homens. E agora um novo estudo explica porque isto acontece...
Segundo um grupo de investigadores da Universidade de Zurique, na Suíça, o cérebro feminino responde de modo diferente do que o masculino quando confrontado com situações que implicam a demonstração de generosidade ou de atitudes egoístas.
O estudo publicado no periódico Nature Human Behaviour é o primeiro que demonstra a existência de facto de uma predisposição biológica e de género para a generosidade.
Os investigadores pretendiam observar como o striatum – uma parte do cérebro que é ativada durante o processo de toma de decisões e das consequentes recompensas – iria responder em cenários diferentes. Como tal pediram a 40 adultos para integrarem um conjunto de experiências que registassem imagens digitais do cérebro, enquanto tomavam decisões face à partilha ou não de dinheiro.
Como esperado, a região do striatum no cérebro revelou-se mais ativa nas mulheres quando optaram por tomar decisões mais “generosas e em prol de terceiros”, comparativamente a quando fizeram escolhas consideradas egoístas. Para os homens, detetou-se o inverso.
Seguidamente, foi pedido aos participantes que ingerissem drogas capazes de bloquear a transmissão de dopamina no cérebro, interrompendo assim “o sistema de recompensa”.
Nestas circunstâncias, as mulheres mostraram-se mais egoístas e os homens tornaram-se curiosamente mais generosos – sugerindo que certos fármacos podem afetar a benevolência dos indivíduos.
O coordenador do estudo, Alexander Soutschek, professor doutorado naquela universidade suíça, alerta que apesar destas diferenças terem sido detetadas do ponto de vista neurológico, não significa que sejam genéticas e que se encontrem programadas no ADN humano. Contrariamente, o académico aponta como ‘culpadas’ as normas culturais e sociais estabelecidas nas típicas sociedades patriarcais, e que separam ambos os sexos desde o nascimento.
Os sistemas de aprendizagem e de recompensa no cérebro estão interligados, explica Soutschek, e vários estudos já provaram que as raparigas tendem a ser recompensadas com elogios e com cumprimentos positivos (mais do que os rapazes), por comportamentos e atitudes tomados em prol da sociedade. Noutras palavras, as raparigas aprendem desde tenra idade – e os seus cérebros adaptam-se a essa realidade – que vão receber elogios e reconhecimento pelo seu altruísmo.