Duas pontes metálicas, mobilizadas pela Administração Nacional de Estradas (ANE), a partir da província do Niassa, serão colocadas nos próximos dias sobre os rios Montepuez e Messalo, no distrito de Quissanga e Muidumbe, respectivamente, em Cabo Delgado, para garantir a transitabilidade na Estrada Nacional 380, onde o desabamento de duas pontes cortou a comunicação entre as regiões sul e norte de Cabo Delgado.
As pontes cederam por causa da fúria das águas dos dois rios, na sequência das intensas chuvas que nos últimos dias têm caído e que já deixou isolados oito distritos da província.
Segundo o delegado da ANE em Cabo Delgado, Robate Jane, a maior ponte metálica, com 60 metros de cumprimento, será colocada sobre o rio Montepuez, mais concretamente a jusante deste curso de água. A outra, cuja extensão não especificou, ligará as duas margens do rio Messalo, exactamente do local onde, na segunda-feira, se registou um corte na estrada que tinha sido construída como alternativa, enquanto decorrem as obras de construção de duas pontes em betão na região.
Falando ontem no segundo encontro provincial do Centro Operativo de Emergência (COE), Jane disse que já foram mobilizados empreiteiros para efeitos de avaliação das necessidades que decorrerão desta intervenção.
Na ocasião, anunciou que foram identificadas três vias alternativas à “Nacional 380”, ora cortada, que são a estrada Cruzamento Nguia/Meluco/Ravia/Montepuez, Pemba/Metuge/Quissanga/Nguia e Mueda/Nairoto/Chapa/Montepuez.
Ainda no mesmo encontro, a delegada do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades, Elizete Manuel, avançou que subiu de 9 mil para 10 mil o número de pessoas directamente afectadas pelas chuvas, em consequência da danificação parcial ou total das suas habitações, para além de 391 hectares de campos agrícolas perdidos.
Segundo a fonte, fora a ajuda alimentar, estes concidadãos necessitam de 30 toneladas de sementes de milho e feijão para retomar a produção.
O Instituto Nacional de Meteorologia indicou que nas últimas horas as chuvas tendem, porém, a abrandar e consequentemente a contribuir para a redução do caudal das bacias hidrográficas da região, em particular o rio Montepuez.
O governador de Cabo Delgado, que orientou o encontro do COE, disse que não obstante o novo cenário, é preciso manter a vigilância, uma vez que continua a chover a montante.
Comunidades recusam-se a abandonar zonas de risco
Comunidadesda Zambézia, que desenvolvem as actividades agrícolas nas zonas ribeirinhas do rio Licungo, continuam a não acatar aos apelos das autoridades, numa altura em que o caudal aumenta e ameaça transbordar.
Entre as zonas de elevado risco de inundações destaca-se as baixas de Maganja da Costa, Mocuba e Namacurra, onde equipas do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) têm estado a sensibilizar as famílias para que se posicionem em pontos altos.
Ana Cristina, directora do Centro Nacional Operativo de Emergência (CENOE), disse ontem ao “Notícias” que as famílias começam a perceber sobre o risco de inundações, à medida que o caudal do rio sobe, mas há algumas que teimam em ficar, alegando não haver razões para a sua movimentação.
Acrescentou que o maior desafio neste momento é garantir que todas as comunidades abandonem as áreas de risco, de forma voluntária e atempada, salientando que caso isto não aconteça, a instituição deverá avançar para métodos coercivos.
Aliás, as autoridades já trabalham na retirada compulsiva em alguns pontos da província da Zambézia, com destaque para o distrito de Mocuba.
De acordo com a fonte, pelo menos 246 casas tinham sido destruídas até ontem, faltando 30 de um universo de 276 identificadas como estando em pontos susceptíveis de ser atingidos pela água logo que o rio transbordar as águas.
Enquanto isto, o governo de Maganja da Costa desdobra-se no parcelamento de terrenos a atribuir a agregados actualmente a viver nas baixas, num esforço para evitar que continuem nas zonas de risco, alegando não terem para onde ir.