O fenómeno de agressões em várias escolas secundárias ganhou novos contornos com a formação de pequenas “gangs” de alunos que disputam a supremacia.

Os directores das Escolas Secundárias foram inclusive obrigados a solicitar a presença permanente da Polícia nas escolas.

Imagens como estas circulam praticamente todos os dias nas redes sociais. Alunos que consomem álcool até perderem toda a lucidez.

Ao consumo de álcool, alia-se o consumo de estupefacientes e actos de agressão.

Este é o comunicado divulgado esta semana pela Direcção da Escola Secundária da Polana, na Cidade de Maputo, a emitir ordens de expulsão a dois estudantes por violação do regulamento interno da escola.

Trata-se de Félix Teixeira, aluno da nona classe, turma 5, e José Marta Bata, aluno da nona classe, turma B2.15.

“Por terem sido encontrados na posse de um chamboco da Polícia Civil, Dirigindo-se à Escola Secundária Josina Machel, a fim de agredir alguns colegas daquela escola, violando o número 1 do artigo 46 e número 1 e 2 do Artigo 49 sobre práticas imperdoáveis, ambos do regulamento interno da escola” - Lê-se no comunicado.

“Chegou-se a uma fase que não tínhamos que ter outra medida se não aquela que foi tomada. O Félix era um reincidente. Já havia protagonizado outros distúrbios na escola, no mês de Março e foi dada a oportunidade de se corrigir ” diz o Director da Escola Secundária da Polana, Filipe Alfiado.

A Escola Secundária da Polana é apenas dos estabelecimentos de ensino que começa a mostrar bravura na luta contra o consumo de álcool nas escolas secundárias do país. Este é um problema que já se enraizou em várias escolas, e muitas vezes sob olhar impávido dos Directores.

Na escola Secundária da Polana a situação de desmandos por parte dos alunos já atingiu contornos alarmantes, mas tende a reduzir.

“Os alunos brigam até com os guardas, todos os dias. Lutam lá em cima. A última vez foi um colega que estava a drogado a discutir com um outro” - conta uma aluna entrevistada pela nossa equipa de reportagem.

Um outro aluno conta que os alunos também fumam na escola. “Eu estou a dizer. Tem um corredor, chamado corredor da morte. Sempre lá há situações desagradáveis porque os colegas fumam lá. Há nomes das “Gangs” e dos seus líderes nas paredes”.

O nosso entrevistado acrescentou que “Se vasculharem pastas agora, podem encontrar bebidas e outras coisas.”

Fomos até ao chamado corredor da morte. Os alunos aconselharam-nos a usar uma viatura mesmo no interior do recinto escolar por recear que o equipamento da TVM fosse vandalizado. No local, é possível ver “beatas” - restos de cigarros espalhados no chão - o que demonstra que é de facto uma zona frequentada por alunos fumadores.

“Se qualquer outro indivíduo que não seja daquele grupo de convivência, se acharem que está a interferir de alguma forma, acabam se associando para o ajuste de contas. É uma acção preocupante esta”- desabafa Filipe Alfiado, Director da Escola Secundária da Polana.

Por seu turno, o Director da Escola Secundária Josina Machel, Orlando Dima, confirma a existência de “Gangs”, mas acrescenta que estas actuam fora graças às condições de segurança criadas no recinto escolar.

Na Escola Secundária Josina Machel foram expulsos seis estudantes, dois dos quais em finais do mês de Abril.

De acordo com a nota de expulsão, os referidos estudantes teriam vandalizado a cantina de uma escola na Cidade de Maputo.

“Bernardo Timbane da 8ª 9, Ibrahimo Chame da 8ª 11, Alberto Manganhele da 8ª 12, Lopes Trigo da 8ª12 e Yanick Machava, também da 8ª 12, do curso diurno, tiveram a pena de expulsão por terem agredido fisicamente seus colegas da Escola Primária da Maxaquene e vandalizado a cantina da mesma escola. Lê-se na circular afixada na vitrina local”.

Só em duas escolas da capital do país foram expulsos oito estudantes por prática de agressores aliados ao consumo de álcool.

Face à onda de desmandos por parte dos alunos, o Ministério da Saúde decidiu colocar agentes da polícia nas escolas secundárias.

O Director da Escola Secundária Josina Machel diz que a decisão está a surtir efeitos.

“Temos sim a colaboração do polícia residente que tem feito grande trabalho para que o comportamento dos nossos alunos seja dos melhores. Montamos até câmaras”.

O Director da ES Polana também diz que a presença policial tem ajudado a manter a ordem.

O Ministério da Educação promete pronunciar-se ao longo da próxima semana sobre o assunto.