O GOVERNO é pelo estabelecimento de um quadro de boas práticas para permitir que as oportunidades emergentes na indústria do gás natural sejam exploradas com a necessária transparência e em benefício de todos moçambicanos. O Presidente da República, que ontem testemunhou, em Maputo, a cerimónia da Decisão Inicial do Investimento do projecto Mozambique Rovuma Venture S.p.A, lembrou aos presentes que há países a explorar recursos naturais há muitos anos, mas que têm a maioria da sua população ainda a viver na pobreza. Moçambique, segundo Filipe Nyusi, “deve fazer diferente”. O projecto Mozambique Rovuma Venture S.p.A, um consórcio co-liderado pela Exxon Mobil, Eni e a CNPC, visa a produção e liquefacção do gás natural na área 4 da bacia do Rovuma, na província de Cabo Delgado. Com a decisão formalizada ontem, as concessionárias da área 4 vão antecipar investimentos na ordem de 520 milhões de dólares em actividades preparatórias, nomeadamente na construção da futura fábrica de liquefacção de gás natural, em terra, na região de Palma. A Decisão Final do Investimento deste projecto deverá ser tomada no início do próximo ano, esperando-se que o investimento global ascenda os 23 mil milhões de dólares, necessários para a instalação de duas unidades de produção com capacidade de 15,2 milhões de toneladas de Gás Natural Liquefeito. Calcula-se que, no seu pico, ou seja, depois de 2025, este projecto produza ganhos para o Estado moçambicano na ordem de 46 mil milhões de dólares e gere cinco mil empregos para moçambicanos. Na sua intervenção, Filipe Nyusi assegurou que o seu governo está ciente de que a indústria de petróleo e gás é cara e leva muitos anos desde a descoberta até que os seus benefícios sejam visíveis para os investidores e os países. Reconheceu, no entanto, que as boas notícias sobre o impacto transformador destes projectos criam uma enorme expectativa nas pessoas. “Queremos que o empresariado nacional seja o primeiro beneficiário das oportunidades que existem em toda a cadeia de valor dos projectos de petróleo e gás, incluindo no fornecimento dos materiais, bens e serviços”, disse o Presidente da República, assegurando que o seu Governo tudo fará para que isso aconteça. Refira-se que a cerimónia de ontem também serviu para a celebração do contrato de adjudicação das obras de construção da futura fábrica de GNL ao consórcio JGC, Fluor e Technip FMC. Na ocasião, Peter Clarke, vice-presidente da petrolífera norte-americana Exxon Mobil,que lidera o consórcio Rovuma LNG em parceria com a Eni e CNPC, afirmou que os contratos marcam o início das obras, cujo investimento de arranque está orçado em 500 milhões de dólares. Assegurou que a produção do gás natural nas duas unidades de liquefacção previstas deverá acontecer em 2025.