Dez a quinze mil crianças nascem anualmente com pé boto em Moçambique.
Por se tratar de uma deficiência física congénita, cerca de quatro mil crianças estão a ser assistidas para a correcção dos membros inferiores, através de uma iniciativa da Hope Walks em parceria com o Ministério da Saúde.
O pé boto é uma má formação congénita do pé que necessita de um tratamento ortopédico nos primeiros anos de vida.
Em casos mais graves, a criança pode ser submetida a uma cirurgia.
Em Moçambique, este tipo de deficiência é corrigido nos hospitais de referência.
Actualmente, cerca de quatro mil crianças dos zero aos dois anos estão em tratamento, através de uma iniciativa de uma organização norte-americana, Hope Walks, em parceria com o Ministério da Saúde.
Deste número, setecentas e quarenta e cinco são assistidas no Hospital central de Maputo.
Aqui, encontramos o pequeno Tárcio em mais um dia de tratamento, tem apenas quarenta e nove dias de vida.
“Estamos em tratamento e hoje é o terceiro gesso a colocarem, assim falta tratamento das mãos, também tem problemas”- diz Zelma Lídia, mar de uma das crianças afectadas.
O acompanhamento regular dos filhos ao tratamento enche de expectativas a alguns pais. Um deles é José Mondlane:
“Fui visitar a mãe ao nascer, e quando fui descobrir que tem pé boto, agora disseram que temos de esperar pelo menos um mês. Então fomos lá para ver as pernas da criança e deram documento para o Hospital Provincial de Maputo e de lá transferiram para aqui, para vir receber tratamento. Estou a ver que o trabalho vai bem”.
Luísa José, a mãe, confirma-o: “Estou feliz por que não era assim”.
A maior parte dos materiais usados neste processo eram importados do Ruanda, mas ultimamente são adquiridos em Maputo, como é o caso das talas, feitas por um sapateiro da capital do pais.
“Se não usa esta tala, o pé boto volta na posição inicial, completamente ou parcialmente e a criança fica prejudicada” – alerta o médico ortopedista, Matthias Schmauch.
No dia em que o mundo celebra o dia do Pé Boto, Matthias Schmauch, em serviço no Hospital Central de Maputo, fala da incidência da doença no país.
“Em Moçambique significa que nascem dez mil a quinze mil, pelo menos, a cada ano”.
A Hope Walks está preocupada com desistências em pleno tratamento, provocadas pelas longas distâncias, aliadas a dificuldades financeiras.
Para colmatar a situação, a organização tem vindo a subsidiar o tratamento, como o diz a Coordenadora Olga Chambal:
“A gente faz uma selecção das famílias que mais precisam, aquelas famílias em que quem assiste a criança é a avo, os pais abandonaram a criança, o pai e a mãe são desempregados, neste momento os casos de desistência baixaram muito”.
Além de Moçambique, a Hope Walks está presente em outros doze países africanos.