Auto-construção de residências: Falta de dinheiro impede opção por empresas de construção civil

Partilhe

naom_5f5612754b979.jpeg

É consensual!

Empresas de construção civil não são contratadas para obras particulares porque é difícil ter todo dinheiro orçamentado para obra, de uma só vez.

Apesar de conflitos com os pedreiros decorrentes de cálculos errados, riscos de roubo de material e o stress de lidar com o processo, a auto-construção acaba sendo a única alternativa.

Engana-se quem acredita ser este o começo.

As escavações para a fundação são o primeiro reflexo do projecto concebido na mente do dono da obra.

Se fosse uma obra entregue a um empreiteiro, talvez em menos de seis meses terminasse. Mas assim, o trabalho vai parar até ao nível permitido pelo material disponível. A auto-construção é o caminho seguido por muitos.

“Minha casa é tipo 3, mas para ter esse tipo 3 já tenho mais de vinte anos, comecei com dois quartos”

A casa tipo 3 referida por Arsénio Muaie é esta.

O homem do Bairro Memo, no Distrito de Marracuene, construiu também um pequeno estabelecimento comercial e um salão de cabeleireiro para conseguir mais renda, já que o salário que ganha como trabalhador das bombas de combustível nunca chega para nada.

Mesmo com um rendimento adicional, afasta a hipótese de contratar uma empresa de construção civil.

“Porque não tenho possibilidade mesmo de contratar empresa, não tenho nada mesmo para chegar a esse ponto, não me posso arriscar. As tantas, estou a receber uns cinco, seis. Como vou dividir? Nem para comer em casa chega” – lamenta Arsénio Muaie.

Marcolino Chilaúle, pedreiro há vinte anos, dedicou quinze à construção desta casa e a obra ainda não terminou.

A dona é uma enfermeira afecta ao Hospital Central de Maputo que muitas vezes recebeu telefonemas de Marcolino a informar que o material tinha acabado.

“Quando conversa com o dono da obra e diz, por exemplo, “eu vou construir até a viga geral, de repente ele não está e no meio da construção o material acaba, o que o senhor faz?”

“Fico um pouco indignado porque quando, não acontece o combinado, para mim é um atraso total naquilo que estabelecemos como orçamento, é um abate psicológico”

“Pode acusar-te de ter roubado o material?”

“Pode ter roubado como não, tudo é possível!”

O sorriso é a terapia usada por Marcolino para atenuar as frequentes discussões. Porque, às vezes, faz cálculos errados. Por isso, aceita que uma empresa faria melhor.

“Eu não fui à escola para aprender a construir, os engenheiros têm mais conhecimento técnico de orçamentação.”

“Bom tempo” é a resposta dada por Simião Sidumo, quando questionado sobre os anos de construção da sua obra.

Polícia de profissão, Sidumo veio pessoalmente ao estaleiro do Bairro Magoanine à procura de cinquenta peças destas para dar estética ao muro de vedação da casa.

Partilha estratégias para contornar o inevitável sufoco da auto-construção.

“Não tenho pressa! Tenho que comer, vestuário… essas coisinhas todas”…

“Já equacionou a possibilidade de contratar uma empresa de construção civil para lhe construir a casa?”

“Até gostaria, mas os custos são elevados. Faço consoante o meu salário, economizar dinheiro, fazer um xitique de família ou com amigos, é assim como eu faço.”

Para conseguir uma casa própria, via empreiteiro, seria necessário um acordo com a empresa para uma obra faseada, mas, às vezes, a capacidade de endividamento na banca é reduzida mesmo para essa modalidade, dizem os nossos entrevistados.

[iframe width=”560″ height=”315″ src=”https://www.youtube.com/embed/Gs4PS6HH44U” title=”YouTube video player” frameborder=”0″ allow=”accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture” allowfullscreen ]

Partilhe

Leave a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Scroll to Top
Active notificações e receba notícias no seu browser! OK Não, obrigado