É um apelo dos reclusos da cadeia central de Maputo, na vigência do Estado de Emergência, face ao novo coronavírus.
Os reclusos pedem clemência para os que reúnem requisitos para beneficiarem de liberdade condicional, os indiciados de crimes não qualificados e os que aguardam julgamento há mais de um ano.
Alberto José João, 19 anos de idade, está detido provisoriamente, há um ano, por furto de 350 meticais.
A Cadeia Central de Maputo está superlotada.
Tem 3.592 pessoas encarceradas.
Muitos dos que aqui permanecem não foram, sequer, ouvidos por um juiz e têm o prazo de prisão preventiva vencido, há seis, um ano ou mais.
Alberto João é o rosto dos que pedem clemência, por consideraram que já não preenchem os requisitos para permanecerem no recinto reclusório.
João justifica que a medida pode descongestionar a penitenciária e prevenir os reclusos de contrair o novo coronavírus.
O coro dos reclusos que querem ir para casa ganhou mais vozes. O momento de registo de imagens foi caracterizado por alguma animosidade.
Pelo facto foi necessária a intervenção do director do estabelecimento penitenciário para confortá-los e afiançar que o governo pensa na melhor forma de protegê-los.
Lourenço Tivane cumpriu mais de metade da pena a que foi condenado. Diz-se agastado com as condições agrestes. O risco de contraírem o coronavírus apoquenta-lhes todos os dias.
Arlindo Muade aproximou-se à equipa de reportagem da TVM e diz reconhecer o trabalho de prevenção implementado pela direcção da Cadeia Central de Maputo.
Muade diz que as medidas de higiene individual podem não ser suficientes para evitar a disseminação da COVID-19, se a cadeia não for rapidamente descongestionada.
Desde que foi notificado o primeiro caso positivo do coronavírus, a direcção do Serviço Nacional penitenciário suspendeu as visitas, limitou a circulação nos pavilhões e alargou o tempo de permanência dos reclusos fora das celas.
A superlotação constrange os responsáveis da maior estabelecimento penitenciário do país.
Este ano, o Presidente da República, Filipe Nyusi, indultou 25 doentes graves a cumprir penas nos Estabelecimentos penitenciário moçambicanos.