Os programas de apoio à integração de crianças usadas pelas forças armadas e grupos armados no Sudão do Sul poderão ser suspensos já em março por falta de fundos para a sua continuação, alertou hoje a Unicef.
OFundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) dá conta de que “900 crianças estão prontas para ser libertadas, mas, sem novos fundos, não vai poder continuar a apoiar estas crianças durante a transição para a vida civil”, segundo um comunicado da organização.
“A palavra ‘frustração’ não se aproxima sequer de como me sinto em relação à situação”, afirmou Mohamed Ag Ayoya, representante da Unicef para o Sudão do Sul, citado na nota.
O representante da agência das Nações Unidas acrescentou que “as crianças estão registadas, verificadas e prontas para ser libertadas, a Unicef tem um programa de reintegração comprovado e eficaz”, mas não tem “o financiamento para continuar este trabalho vital”.
“As minhas queixas são em nome das crianças que estão prontas para começar as suas novas vidas, recuperando a sua infância”, disse.
Com a provável formação de um governo unificado no Sul do Sudão este mês, a Unicef espera que mais crianças sejam libertadas e precisem de apoio.
“A libertação de crianças sem apoio suficiente pode ter repercussões a longo prazo nas crianças afetadas e um efeito desestabilizador nas comunidades”, sublinha a agência das Nações Unidas.
Este programa enfrenta há mais de um ano um “subfinanciamento severo”, tendo a organização sido forçada a desviar recursos de outras áreas para sustentar o apoio às crianças vulneráveis.
“Com os fundos agora esgotados, a Unicef não tem outra escolha senão suspender o programa de reintegração, caso não sejam disponibilizados novos recursos”, alertou.
A Unicef estima as suas necessidades para 2020 em 4,2 milhões de dólares (3,85 milhões de euros) para cobrir novas libertações e a inscrição imediata em programas de reintegração, assim como para a continuação do programa para crianças libertadas anteriormente.
O programa de reintegração tem a duração de três anos e custa 2.000 dólares (1.830 euros) por criança, que são gastos em apoio psicossocial, assistência social, rastreamento e reunificação familiar, educação e outros serviços.
Caso consiga o financiamento adequado, a Unicef prevê o apoio a cerca de 2.100 crianças libertadas das forças armadas e grupos armados durante o próximo ano.