Pedro Sánchez deverá ser reconduzido no lugar de primeiro-ministro pelo Congresso dos Deputados espanhol (parlamento) hoje em Madrid numa segunda votação em que precisa de obter uma maioria simples, mais deputados a favor do que contra.
A votação tem lugar dois dias depois de o candidato do PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol), no domingo, não ter conseguido o apoio da maioria absoluta dos parlamentares, mais de metade (176) dos representantes da assembleia (350).
Pedro Sánchez espera ser investido com os votos de 167 membros do parlamento – os 166 que já o apoiaram na primeira votação mais um de uma deputada que faltou por doença -, contra 165, sendo de prever 18 abstenções.
A margem de aprovação escassa e o grande receio de algum membro socialista não estivesse presente na votação decisiva levaram a que o PSOE desse instruções para que todos os seus deputados viessem dormir a Madrid esta noite.
Segunda-feira foi “Dia de Reis”, um feriado que em Espanha ainda é mais importante do que a Noite de Natal, com a família reunida e as crianças a receber presentes.
Pedro Sánchez deverá conseguir ser investido depois de ter negociado a abstenção dos 13 deputados dos independentistas catalães da ERC (Esquerda Republicana da Catalunha), aceitando a criação de uma “mesa de diálogo” para resolver “o conflito político sobre o futuro da Catalunha”.
A sessão de investidura começou no sábado e foi marcado pela forte contestação dos partidos espanhóis de direita a uma solução governativa que será possível apenas com o aval (abstenção) do maior dos partidos independentistas catalães, cujo líder, Oriol Junqueras, está a cumprir uma pena de 13 anos de prisão pelo seu envolvimento na tentativa separatista de 2017.
Sánchez apresentou nesse dia o programa do Governo de coligação que os socialistas pretendem formar com o Unidas Podemos (extrema-esquerda).
O programa prevê o aumento dos salários mais baixos e dos impostos sobre as maiores empresas, assim como reverter a reforma do mercado de trabalho feita em 2012 pelo Governo de Mariano Rajoy, do PP (Partido Popular, direita).
O Unidas Podemos (uma coligação de vários partidos) deverá ser responsável por quatro pastas ministeriais do futuro executivo, entre elas uma vice-presidência para o secretário-geral do Podemos, Pablo Iglesias, e outra para o líder da Esquerda Unida (inclui o Partido Comunista Espanhol), Alberto Garzón.
Se, como se espera, o líder socialista for investido, irá dirigir o primeiro Governo de coligação formado desde o início da democracia espanhola, que começou com a aprovação da Constituição de 1978, três anos após a morte do ditador Francisco Franco.
O PSOE e o PP foram-se alternando na condução de todos os executivos espanhóis durante os últimos 40 anos.
Sánchez tornou-se primeiro-ministro em junho de 2018, depois de propor uma moção de censura que derrubou o governo minoritário de Mariano Rajoy muito fustigado pelos escândalos de corrupção de membros do PP.
O líder socialista dirigiu um executivo também minoritário até que foi incapaz de aprovar no início de 2019 o Orçamento de Estado, tendo convocado eleições antecipadas.
O PSOE foi o partido mais votado em abril do ano passado, mas longe da maioria absoluta, não tendo conseguido formar um Governo com o Unidas Podemos, o que levou à repetição da consulta eleitoral.
Nas eleições de 10 de novembro último, para o Congresso dos Deputados, o PSOE teve 28,0% dos votos (120 deputados), seguido pelo PP com 20,8% (88), o Vox (extrema-direita) com 15,1% (52), o Unidas Podemos com 12,8% (35), e o Cidadãos (direita liberal) com 6,8% (10), ERC com 3,6% (13), com os restantes votos divididos por partidos de menor dimensão.