O QUADRO do HIV/SIDA continua preocupante em Moçambique apesar dos avanços que o país registou nos últimos cinco anos nas áreas de prevenção e combate. A preocupação foi partilhada ontem pelo Presidente da República, falando na celebração do 1 de Dezembro, Dia Mundial de Combate àSIDA, que teve como palco a cidade de Nampula.
Uma das apreensões de Filipe Nyusi tem a ver com o contínuo registo de novas infecções, mas também com os níveis de transmissão vertical (de mãe para filho),que continuam altos, com uma taxa de 15 por cento.
O estigma e discriminação apessoas que vivem ou que estão afectadas pela doença adensam o quadro deinquietações.
Ainda assim, segundo o Chefe do Estado, como resultado do esforço conjunto do Governo e parceiros de cooperação, entre 2014 e 2018 Moçambique registou uma redução de cerca de 20 por cento de mortes relacionados com o HIV/SIDA, havendo perspectivas animadores de que a luta prossiga com maior dinamismo.
Os avanços alcançados, segundo Nyusi, são sobretudo resultado de várias acções como o quarto Plano Estratégico Nacional de Resposta e da Estratégia 90/90/90 da ONUSIDA. Ao abrigo desta estratégia, explica o Chefe do Estado, pretende-se que 90 por cento das pessoas vivendo com HIV no país sejam diagnosticadas através da expansão dos serviços de aconselhamento e testagem. Também se pretende que 90 por cento das pessoas diagnosticadas recebam tratamento anti-retroviral e que 90 por cento daqueles que recebem este tratamento tenham o vírus no sangue fragilizado, para que não possam transmiti-loa outras pessoas.
“Estamos a trabalhar para isso”, assegurou o Chefe do Estado.
Explicou que algumas das novas infecções com o vírus estão relacionadas com práticas tradicionais e comportamentos sociais reprováveis.
“O estigma e a discriminação têm levado ao abandono de pessoas vivendo com HIV por parte de parceiros ou familiares. Também levamà redução da sua auto-estima, à exclusão social, perda de emprego e bens, fraco desempenho no trabalho, negação de serviços púbicos básicos, falta de cuidados e apoio ou até a serem vítimas de violência”, disse Filipe Nyusi.
Para o Chefe do Estado, estas atitudes negativas da sociedade levam a que muitas pessoas evitem os testes deHIV ou não revelem o seu estado serológico, o que acaba por ter reflexos no quadro geral da doença.
Sobre os avanços registados ao longo do quinquénio, o Presidente da República disse que no início os serviços de tratamento anti-retroviral no país estavam apenas disponíveis em 753 unidades do Serviço Nacional de Saúde, correspondendo a uma cobertura de 52 por cento, contra as actuais 1538 unidades sanitárias que asseguram uma cobertura estimada em 93 por cento.
Esta expansão, segundo o Presidente da República, também resultou no aumento do rastreio das pessoas que vivem com a doença que beneficiam do tratamento anti-retroviral, que passou de 640.312 em 2014, para pouco mais de um milhão e trezentos mil pacientes até Junho do presente ano.
Presentes na cerimónia estiveram a representante da sociedade civil, Gilda Jossias; a coordenadora residente das Nações Unidas, Myrta Kaulard;o embaixador dos Estados Unidos da América, Dennis Hearne, em representação dos parceiros de cooperação. Nas suas mensagens,reiteraram a disponibilidade de continuar a apoiar o Governo moçambicano no combate à doença.