Quem foi Afonso Dhlakama?

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Afonso Dhlakama liderou a Renamo desde a morte de André Matsangaíssa, fundador do movimento, em 1979.

Dhlakama tornou a Renamo no maior partido da oposição e morre numa altura em que estava a alcançar consensos com o Presidente da República Filipe Nyusi, em torno da descentralização e dos assuntos militares que compreendem o Desarmamento, a Desmobilização e a Reintegração dos homens armados da Renamo.

Jovem soldado das Forças Armadas de Defesa de Moçambique em 1975, Afonso Dhlakama viria a abandonar o exército governamental para se juntar em 1976 a Resistência Nacional de Moçambique, RNM, o movimento armado criado com o apoio do regime minoritário da então Rodésia do Sul. Após a morte de André Matsangaissa em combate e depois de uma luta pela sucessão, Dhlakama tornou-se Presidente do Movimento de oposicao ao Governo da Frelimo.

A guerra entre a Renamo e o exército governamental durou 16 anos durante os quais Dhlakama se manteve a liderar a Guerrilha. Nos finais da década de 80, Dhlakama negoceia o fim da Guerra, tendo assinado após longo período de conversações em Roma na Itália, o acordo geral de paz com o Presidente Joaquim Chissano a 4 de Outubro de 1992, um acordo que pos fim a guerra de 16 anos e destruiu a economia e infra-estruturas, tendo provocado a morte de milhares de civis.

Desde 1992, a Renamo passou a ser um partido político. Afonso Dhlakama concorreu às primeiras eleições gerais presidenciais mas só obteve 33,7% dos votos contra 53,3 de Chissano. Em Dezembro de 1999 Dhlakama voltou a concorrer e perdeu novamente para Chissano. Dhlakama e o seu partido contestaram as eleições e cerca de um ano depois, em Novembro de 2000, a Renamo organizou manifestações violentas pelo país. Apesar da retoma do diálogo com o Presidente Joaquim Chissano no inicio de 2001, Dhlakama reafirmou que não reconhecia Chissano como Presidente da República de Moçambique e solicitou a recontagem dos votos nos quais havia perdido por uma margem mínima de 200 mil votos.

Em Novembro de 2003, a Renamo perdeu novamente para a Frelimo e Dhlakama solicitou mais uma vez ao Conselho Constitucional a impugnação dos resultados alegando irregularidades no processo eleitoral autárquico, razoes que evocaria nas derrotas presidenciais de 2004 e 2009 para Armando Guebuza.

A falta de consensos no diálogo com o Presidente Armando Guebuza, levou Afonso Dhlakama a abandonar a capital do país para se instalar em Nampula e de seguida para Santunjira, localidade de Vunduzi, distrito de Gorongosa, na Província de Sofala. Afonso Dhlakama ameaçou dividir o país, e a Renamo protagonizou ataques armados no centro do país, sobretudo ao longo da Estrada nacional numero 1.

O ataque das forças governamentais ao quartel-general da Renamo em Santunjira, levaram Dhlakama a refugiar-se num local incerto. Após um período de incertezas, Afonso Dhlakama reapareceu em público, recenseou-se e anunciou que iria concorrer para as eleições de 2014. As eleições tiveram lugar a 15 de Outubro de 2014 e Dhlakama voltou a perder desta vez para o candidato da Frelimo, Filipe Nyusi. Mais uma vez, Dhlakama contestou os resultados e anunciou que iria governar nas províncias onde o partido tinha ganho nas legislativas. Após três atentados contra a sua vida a 12 de Setembro de 2015, a 25 de Setembro do mesmo ano e a 02 de Outubro de 2015, Dhlakama aceitou o diálogo com o Presidente Filipe Nyusi. Durante mais de um ano, as conversações não registaram avanços e o Presidente Filipe Nyusi anunciou um novo modelo de diálogo mais directo com Afonso Dhlakama.

Após um ano de diálogo, o Presidente Filipe Nyusi deslocou-se por duas vezes a Gorongosa para acertar os pontos sobre a descentralização. Em 2017, foram anunciados consensos no diálogo e o pacote de descentralização foi submetido ao Parlamento pelo Presidente da República.

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