Cientistas defendem que um “desequilíbrio atmosférico”, caracterizado pela mistura dos gases metano e dióxido de carbono na ausência de monóxido de carbono, é um indicador da existência de vida, a ter em conta na exploração de outros planetas.
Uma equipa de investigadores da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, sustenta que só pode haver esta combinação de gases na presença de organismos vivos.
No estudo, divulgado hoje na publicação científica Science Advances, a equipa salienta, passando em revista a história da Terra, o único planeta habitável que se conhece, que houve alturas em que a sua atmosfera teve esta mistura de gases.
Por outro lado, a capacidade de o planeta produzir grandes quantidades de oxigénio, gás constituinte da atmosfera e fundamental para suportar a vida, só ocorreu no último um oitavo da sua história.
“A ideia de procurar oxigénio na atmosfera enquanto bioassinatura [da vida] tem vários anos, e é uma boa estratégia. É muito difícil produzir muito oxigénio sem vida (…). Mas, mesmo se a vida for comum no cosmos, não temos ideia se será a vida que produz oxigénio. A bioquímica da produção de oxigénio é muito complexa e pode ser bastante rara”, advogou um dos coautores do estudo, Joshua Krissansen-Totton, citado em comunicado pela Universidade de Washington.
Os autores do estudo entendem que a procura de sinais de vida em outros planetas deve ter em consideração o tal “desequilíbrio atmosférico”, além da existência de água líquida à superfície.
A nova missão europeia de exploração de Marte, a ExoMars, tem em órbita do planeta o satélite TGO, que vai procurar gases rarefeitos na sua atmosfera, em particular metano, um indicador de que pode haver, ou ter havido, vida nele.
Na Terra, o metano poderá ter sido gerado pelo impacto de asteroides na sua superfície, de acordo com a equipa de cientistas da Universidade de Washington.