Mulheres adultas e raparigas com fístula obstétrica poderão ver a sua condição melhorada com o lançamento, há dias, em Maputo, de um projecto de promoção dos direitos sexuais e reprodutivos através da advocacia, prevenção, tratamento e reintegração social das vítimas desta doença.
Denominado “Uma vida nova e digna para raparigas e mulheres que sofrem de fístula obstétrica”, o programa tem a duração de quatro anos e vai abranger um público dos 10 aos 24 anos, em todo o país, com enfoque nas províncias de Cabo Delgado, Nampula, Zambézia, Manica, Sofala e Maputo-Cidade.
Na ocasião, a Ministra da Saúde, Nazira Abdula, explicou a importância deste plano na melhoria do bem-estar das vítimas que, normalmente, são alvo de estigma e rejeição da sociedade, pois a doença debilita-as física, psíquica e socialmente.
A fístula obstétrica é uma das complicações da gravidez e parto prevenível e tratável. A condição resulta, principalmente, de um parto arrastado, mas também pode ocorrer devido a violação sexual.
Por isso, a ministra apelou à intervenção de todos, em particular da sociedade civil, para trabalhar na advocacia e eliminação de práticas nocivas como casamentos prematuros, gravidezes precoces e procura tardia por cuidados para o parto.
Ao Ministério do Género, Criança e Acção Social cabe a missão de contribuir na reintegração social das doentes tratadas.
“Para que Moçambique possa alcançar os objectivos da Estratégia Nacional das Fístulas, precisamos de uma resposta coordenada e integrada entre os diferentes actores na prevenção, tratamento, reintegração social e advocacia”, instou Nazira Abdula.
O programa conta com apoio do Fundo das Nações Unidas para a População (FNUAP) em 270 milhões de meticais disponibilizados pelo Alto Comissariado do Canadá.
Andrea Wojnar, representante do FNUAP em Moçambique, reiterou o compromisso da instituição que representa de continuar a apoiar o Ministério da Saúde na resposta para pôr fim à fístula obstétrica e alcançar os Objectivos de Desenvolvimento Sustentáveis que visam construir um mundo mais equitativo.
O projecto é lançado numa altura em que, segundo as estatísticas, ocorrem, anualmente, 2500 novas fístulas obstétricas no país, sendo metade destas em mulheres com idades entre 15 e 24 anos.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, em África, Ásia, região Árabe e América Latina, cerca dois milhões de mulheres sofrem de fístula obstétrica e há cinquenta mil a cem mil novos casos cada ano.