Um especialista defendeu hoje que o recente sucesso de Washington em convencer aliados a excluírem a Huawei das suas redes de quinta geração não se vai reproduzir em África, devido aos preços competitivos praticados pela empresa chinesa.
“Enquanto países como o Reino Unido e a Alemanha são ricos o suficiente para retirarem o equipamento da Huawei das suas redes e substituí-lo por equipamento da Samsung, Ericsson ou Nokia, isso não pode ser feito nos países em desenvolvimento”, apontou Eric Olander, jornalista especializado nas relações entre China e África, numa nota enviada à Lusa.
“Em África […] e muito provavelmente no resto do hemisfério Sul, os apelos dos Estados Unidos sobre a Huawei basicamente morrem à chegada”, apontou.
A Huawei Technologies Ltd., a primeira marca global de tecnologia da China e líder no fabrico de equipamentos de rede e dispositivos móveis, está no centro de um conflito entre EUA e China motivado pelas ambições tecnológicas de Pequim.
Os Estados Unidos acusam a empresa de estar sujeita a cooperar com os serviços de inteligência chineses e lançaram uma intensa campanha para convencer os países aliados a excluírem-na das suas redes de quinta geração, a Internet do futuro.
Austrália, Estados Unidos, Nova Zelândia, Reino Unido ou Japão baniram já a participação da empresa nos seus mercados. Vários países europeus estão também a limitar a participação da Huawei nas suas infraestruturas.
Em maio, a administração de Donald Trump estipulou também que os fabricantes estrangeiros de semicondutores que usem tecnologia norte-americana devem obter licença para vender semicondutores fabricados para a Huawei, dificultando ainda mais o acesso da empresa a componentes essenciais.
Eric Olander lembrou, no entanto, que a “abordagem binária” e de “ou nós ou eles” do Departamento de Estado norte-americano em relação à empresa chinesa “provavelmente nunca triunfará em África”.
“Os norte-americanos vão ter que procurar soluções criativas se quiserem envolver significativamente os africanos em questões de segurança da rede”, disse.
“Os equipamentos da Huawei não são apenas tipicamente mais acessíveis que os seus concorrentes na Coreia do Sul e Europa, mas também vêm com um financiamento generoso e, geralmente, apoiado pelo Governo chinês”, acrescentou.