A Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Unicef alertaram hoje que as perturbações na distribuição de vacinas causadas pela pandemia de covid-19 arriscam um retrocesso na taxa de vacinação, que está nos 85% há uma década.
“AOMS e a Unicef apelam a esforços imediatas para vacinar todas as crianças, já que os novos dados mostram que, antes da pandemia de covid-19, a cobertura de crianças vacinadas estava parada nos 85% há quase uma década, com 14 milhões de crianças não vacinadas todos os anos”, lê-se numa nota distribuída hoje em Genebra.
No comunicado, a OMS e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) avisam que com as perturbações nas cadeias de distribuição globais causadas pelas medidas de confinamento para combater a propagação do novo coronavírus, o cenário pode piorar.
“Há um declínio alarmante no número de crianças a receber vacinas que salvam vidas em todo o mundo, devido a perturbações na entrega e na toma dos serviços de imunização causados pela pandemia, estas perturbações ameaçam reverter o progresso árduo feito para chegar a mais crianças e adolescentes com uma ampla gama de vacinas, que já foi prejudicado por uma década de estagnação na cobertura”, aponta a nota.
Os últimos dados, que analisam os primeiros quatro meses deste ano, “apontam para uma queda substancial no número de crianças que completam as três doses de vacina contra a difteria, tétano e tosse convulsa (DTP3), sendo a primeira vez em 28 anos que o mundo pode assistir a uma redução na cobertura da DTP3”.
As vacinas, diz o chefe da OMS, Tedros Ghebreyesus, “são uma das mais poderosas ferramentas na história da saúde pública, e há mais crianças imunizadas do que nunca, mas a pandemia colocou estes ganhos em risco, já que a dor e as mortes evitáveis devido à falta de administração rotineira de vacinas pode ser muito maior do que a própria covid-19”.
O responsável máximo da OMS apela, por isso, “aos países que garantem que estes programas essenciais para salvar vidas continuem e que as vacinas sejam entregues de forma segura mesmo durante a pandemia de covid-19”.
De acordo com os dados citados no comunicado, três quartos dos 82 países que responderam a um inquérito reportaram perturbações nos programas de imunização em maio e pelo menos 30 campanhas de vacinação contra o sarampo foram ou estavam em risco de ser canceladas, “o que pode resultado em mais surtos neste e nos próximos anos”.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 578 mil mortos e infetou mais de 13,34 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.