“OConselho de Comando Nacional para a epidemia da Covid-19 decidiu impor um confinamento nacional de 21 dias, efetivo a partir das 00:00 de quinta-feira”, anunciou Ramaphosa, numa comunicação ao país.
O chefe de Estado sul-africano acrescentou que “ninguém poderá sair de casa, exceto em circunstâncias excecionais“.
“Os próximos dias são cruciais, isto representa um perigo para uma sociedade como a nossa com elevados níveis de pobreza, malnutrição e infeção de HIV/sida”, disse Ramaphosa.
O Presidente da República sublinhou que “é uma medida decisiva que visa salvar milhares de sul-africanos da infeção e salvar centenas de milhar de pessoas”.
“Funcionários da saúde no setor público e privado, serviços de emergência e de segurança, polícia e forças armadas, e outras pessoas necessárias na resposta à pandemia são exceção“, adiantou.
Hospitais, clínicas, farmácias e supermercados vão permanecer abertos, referiu Cyril Ramaphosa, acrescentando que o confinamento nacional vai vigorar até às 00:00 horas de 16 de abril.
“A nossa análise da evolução da epidemia diz-nos que temos que agir com urgência e escalar drasticamente a nossa resposta”, afirmou.
O presidente sul-africano disse que o Governo identificou instalações temporárias para os sem abrigo, assim como locais para quarentena e isolamento social, para pessoas sem possibilidade de o fazer em casa.
“As empresas que são essenciais à produção e transporte alimentar, bens essenciais e ao fornecimento de bens de saúde, vão permanecer no ativo“, declarou.
Na sua comunicação ao país, o Presidente informou que o Governo iniciou o abastecimento de água a áreas rurais e zonas urbanas de habitação informal, onde a falta de serviços públicos, de água e saneamento, tem sido gritante durante a gestão pública do partido no poder, o Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês).
No sentido de mitigar a evolução do surto do novo coronavírus na África do Sul, o chefe de Estado anunciou ainda o destacamento do exército para assistir as forças policiais a garantir o cumprimento das medidas anunciadas.
No norte de Joanesburgo, residentes locais confirmaram hoje à Lusa a presença de militares do exército sul-africano nas ruas.
A declaração do chefe de Estado ocorre no dia em que a África do Sul confirmou 402 casos positivos de infeção pela covid-19 nas nove províncias do país, tendo como epicentro a província de Gauteng, envolvente a Joanesburgo e Pretória, com 207 casos positivos.
“Na África do Sul, o número de casos confirmados aumentou de 61 para 402 em apenas oito dias”, salientou Ramphosa.
“Estou preocupado com o facto de a rápida propagação do número de infeções vir a afetar o nosso sistema nacional de saúde para além daquilo que é a nossa capacidade de oferta e por haver muitas pessoas que vão ficar sem acesso a serviços de saúde”, frisou.
Além do confinamento nacional por 21 dias, o Presidente da República sul-africano anunciou também que os cidadãos sul-africanos oriundos de países de elevado risco de contaminação pelo novo coronavírus serão submetidos a uma quarentena de 14 dias.
“Os estrangeiros que chegaram ao país em voos provenientes de países de elevado risco que proibimos há uma semana atrás, serão obrigados a regressar imediatamente”, declarou.
Os voos internacionais a partir do aeroporto de Lanseria [norte de Joanesburgo] serão suspensos temporariamente, segundo Ramaphosa.
“Os estrangeiros que entraram na África do Sul depois de 09 de março provenientes de países de elevado risco de contaminação do surto pandémico, ficarão confinados aos seus hotéis por um período de quarentena de 14 dias.
O chefe de Estado admitiu que, além da covid-19, o país se vê confrontado “com a perspetiva de uma recessão económica que encerrará muitos negócios e postos de trabalho”.
Nesse sentido, Ramaphosa anunciou a criação de um Fundo de Solidariedade [www.solidarityfund.co.za] para mitigar o impacto do surto na economia do país, tendo o Governo contribuído com 150 milhões de rands (7,9 milhões de euros) para o arranque a iniciativa público-privada.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 345 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 15.100 morreram.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.