O Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) destacou ontem Marcelino dos Santos como um “combatente exemplar” e lembrou que foi “companheiro de todas as horas” de Amílcar Cabral, Samora Machel, Agostinho Neto e Aristides Pereira.
Numa mensagem de pesar, a líder do maior partido da oposição cabo-verdiana, Janira Hopffer Almada, recordou que o fundador da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), Marcelino dos Santos, foi “um dos grandes ícones das lutas de libertação das antigas colónias portuguesas e dos povos africanos”.
“Marcelino dos Santos foi um companheiro de todas as horas de Amílcar Cabral, Samora Machel, Agostinho Neto, Aristides Pereira, Joaquim Chissano e tantos outros, os quais escreveram com letras de ouro o processo conducente à independência nacional dos nossos países”, lê-se na nota citada pela Lusa.
“Momentos históricos que jamais serão esquecidos, pelos enormes sacrifícios consentidos, pelo elevado espírito patriótico sem falhas, pela clarividência de uma inteligência ímpar, pelo amor à pátria e às nobres causas dos povos sob jugo colonial”, prosseguiu-se na nota do PAICV.
Para Janira Hopffer Almada, que também é vice-presidente da Internacional Socialista, Marcelino dos Santos foi “um combatente exemplar nas várias frentes da luta, distinguindo-se sempre, muito em particular nas relações diplomáticas, e ainda no contributo maior que dedicou à edificação do Estado de Moçambique no pós-independência”.
E recordou que Marcelino dos Santos foi “um amigo e um camarada de longa data, de muitas e inesquecíveis lutas, de elevada estatura moral e patriótica, um homem com apurado sentido de Estado e cujo rico legado, certamente, irá inspirar muito, em particular, a juventude”.
A líder partidária cabo-verdiana endereçou votos de pesar ao “partido-irmão” Frelimo e sentimentos de “maior conforto” à família enlutada.
Marcelino dos Santos morreu na terça-feira aos 90 anos, emsua casa, em Maputo, vítima de uma paragem cardíaca, anunciou o médico pessoal.
Natural de Lumbo, junto à Ilha de Moçambique, na província de Nampula, fez parte com Samora Machel e Urias Simango do “triunvirato” que chefiou a Frelimo após a crise aberta com o assassínio de Eduardo Mondlane, em 1969.
Após a independência, exerceu, entre outros cargos, o de presidente da Assembleia da República de Moçambique, entre 1986 e 1994, último lugar institucional que ocupou, apesar de ter continuado na vida política.