Sessenta e seis distritos do país têm índices elevadosde tracoma, doença que no seu estágio mais avançado pode causar cegueira.
O alerta é do vice-ministro da Saúde, João Leopoldo da Costa, que cita um mapeamento realizado entre 2011 e 2014, em 158 distritos, que destaca o facto de a doença afectar principalmente crianças em idade escolar, com prevalências que variam entre cinco e 29,9 por cento.
Tracoma é uma doença infecciosa causada por uma bactéria transmissível de pessoa para pessoa, porém, evitável. Entretanto, tornou-se num problema de saúde pública em 37 países no mundo.
Falando ontem em Maputo, nareunião internacional da Aliança Global da Organização Mundial da Saúde para a Eliminação do Tracoma até 2020 em Moçambique, Leopoldo da Costa falou do esforço que o Governo vem empreendendo visando levar serviços de saúde com qualidade para toda a população; da expansão da rede sanitária e de outras acções que, segundo disse, “devem ser acompanhadas pelo saneamento do meio e observância de regras de higiene básicas, individuais e colectivas”.
Reconheceu o grande desafio com que o país se debate para a implementação das componentes relacionadas com a saúde ambiental e saneamento do meio.
O evento de Maputo é o 22.º do género organizado pela Aliança Global da OMS para a eliminação mundial do tracoma e o primeiro do género acolhido por um país de expressão portuguesa.
Participam parceiros nacionais e internacionais, dequem Moçambique espera obter ganhos na troca de experiências.
Marília Massangaie, responsável do Departamento das Doenças Tropicais Negligenciadas no Ministério da Saúde (MISAU),explicou, na ocasião, que o tracoma se manifesta como uma conjuntivite,mas existem especificações que o pessoal técnico domina para chegar ao diagnóstico final.
Alguns dos sintomas podem ser a sensação de areia no olho, dor, lacrimejo, secreção. A doença transmite-se de pessoa para pessoa, através deobjectos utilizados por uma pessoa contaminada.
Sobre as zonas do país com a maior prevalência da doença, a fonte disse que se trata de regiões que, coincidentemente, apresentam problemas de saneamento do meio e indisponibilidade de água para a higiene individual e colectiva. Maior destaque vai para as províncias doNiassa, Cabo delgado, Nampula, Zambézia, Tete, Manica e Sofala.
“Para fazer face ao problema,recomendamos às comunidades certas medidas a ter em conta,como a lavagem da cara pelo menos duas vezes ao dia, como estratégia de base para prevenir a doença. Paralelamente, a Saúde está a seguir a estratégia da OMS denominada CARA, que consiste em fazer Cirurgias em alguns casos; tratar os pacientes com Antibióticos; lavagem do Rosto duas vezes ao dia;e ter um Ambiente sadio”, explica a fonte, que disse acreditar na força que um saneamento do meio pode ter na redução, ou até erradicação do problema.