A carteira da dívida pública de Moçambique está a evoluir para um cenário de maior risco, com pagamentos mais rápidos e taxas de juro mais elevadas, alertou ontem o Ministério das Finanças, no Relatório de Riscos Fiscais.
“A carteira da dívida está a mudar de forma rápida para um cenário de maior risco, menor maturidade (quatro anos) e maiores taxas de juros (18%)”, lê-se no documento que foi ontem disponibilizado na página do Ministério das Finanças.
O relatório, com 34 páginas, passa em revista os principais riscos para a evolução económica do país, ainda antes de os ciclones Idai e Kenneth terem feito centenas de mortes na zona centro e norte do país, agravando os dados económicos e as previsões deste relatório, datado de Dezembro do ano passado e disponibilizado hoje no site das Finanças.
“A dívida pública, incluindo as garantias e avales, apresenta uma trajectória de crescimento acima dos indicadores de sustentabilidade recomendáveis para países de baixa renda, lê-se no documento, que dá conta de que “nos últimos quatro anos esta aumentou de 94,9% do PIB (Produto Interno Bruto), em 2015, para 127,2%, em 2016, 101% em 2017 e 107% em 2018” e que o custo de suportar a dívida cresceu quatro vezes.
“Nos últimos três anos o serviço da dívida – os juros e as amortizações – cresceu de 3,6% para 12,6% do PIB, entre 2015 e 2018”, acrescenta o Executivo, explicando que “a queda significativa no rácio da dívida face ao PIB entre 2016 e 2017 correspondeu ao efeito combinado da depreciação cambial do metical e da sobre-estimação do stock da dívida nesse ano, que assumia a implementação do projecto da ENH (projecto Coral), que ficou adiado para anos subsequentes”.
Estes dados, conclui o Ministério das Finanças, configuram “um risco que requer monitoria constante em 2019”, alertando, por último, para a “concentração de pagamentos em períodos específicos, o que pode colocar uma pressão na tesouraria pública” neste e no próximo ano.