A antiga banqueira do Credit Suisse, Detelina Subeva, assumiu esta segunda-feira a acusação de conspiração para lavagem de dinheiro, no âmbito do processo sobre as dívidas não declaradas contraídas com garantia do Estado moçambicano, cujo processo corre trâmites no Tribunal de Brooklyn, em Nova Iorque, nos Estados Unidos da América.
“Concordei, juntamente com outros, em ajudar a lavar as receitas de actividades criminais, nomeadamente subornos ilegais pagos por uma empresa chamada Privinvest e pelo seu representante, Jean Boustani”, disse Subeva ao juiz William Kuntz II, durante uma audiência realizada esta segunda-feira.
A antiga vice-presidente da unidade de financiamento global do Credir Suisse disse que os pagamentos ilícitos foram feitos em 2013 e estavam ligados a um empréstimo concedido a uma empresa pública moçambicana.
De acordo com a agência de informação financeira Bloomberg, Subeva explicou ao juiz que o seu chefe, Andrew Pearse, lhe disse que ia transferir 200 mil dólares para uma conta que ela tinha recentemente aberto, dinheiro que provinha de subornos pagos por Boustani, no valor global de um milhão de dólares americanos.
”Eu aceitei ficar com estes dinheiros sabendo que eram provenientes de actividades ilegais”, confessou a antiga banqueira, que viu o Ministério Público norte-americano desistir de três outras acusações de conspiração, não sendo ainda claro se também foi feito um acordo sobre a pena, que pode ir de ficar em liberdade, até 20 anos de cadeia.
A antiga banqueira tornou-se assim na primeira pessoa a dar-se como culpada de um esquema financeiro que a acusação norte-americana diz que chega aos dois mil milhões de dólares, no âmbito do escândalo das dívidas não declaradas.
Entre os envolvidos figuram Jean Boustani, que está detido em Nova Iorque; Pearse e Singh, detidos no Reino Unido, e o antigo ministro moçambicano das Finanças, Manuel Chang, detido em Joanesburgo desde finais de Dezembro de 2018, enfrentando um pedido de extradição para os Estados Unidos.
A investigação alega que a operação de financiamento de 2,2 mil milhões de dólares para criar as empresas Ematum, Proindicus e MAM “é um vasto caso de corrupção e branqueamento de capitais”. – (Lusa)