A comissão eleitoral da República Democrática do Congo (RDCongo) informou hoje que um dos candidatos da oposição, Felix Tshisekedi, venceu as eleições presidenciais.
Tshisekedi recebeu mais de sete milhões de votos, contra os mais de seis milhões arrecadados por outro candidato da oposição, Martin Fayulu, e por aquele apoiado pelo partido do Governo, Emmanuel Ramazani Shadary, que obteve mais de quatro milhões de votos.
“Tendo obtido 7.051.013 votos válidos, ou 38,57%, é proclamado provisoriamente Presidente da República Democrática do Congo, Sr. Tshisekedi Tshilombo Félix”, disse o presidente da comissão eleitoral, Corneille Nangaa.
Este resultado sem precedentes na RDCongo ainda pode contestado junto do Tribunal Constitucional, que tem a partir de agora 14 dias para validar a votação.
Neste momento permanecem dúvidas sobre a possibilidade de os resultados serem contestados por Martin Fayulu, que liderou as sondagens e advertiu contra uma possível fraude eleitoral.
O anúncio do sucessor do Presidente cessante Joseph Kabila, inicialmente previsto para domingo, surge na sequência de pressão internacional e num clima de suspeição entre a população, que temia uma manipulação dos resultados.
Um grupo de observadores locais, Symocel, afirmou ter testemunhado 52 irregularidades “graves” nos 101 centros de voto que analisou.
A União para a Democracia e o Progresso Social (UDPS) já tinha afirmado que o seu candidato, Félix Tshisekedi, seria o “presumível” vencedor das presidenciais.
Estas eleições eram vistas por muitos como uma hipótese de a RDCongo ter uma primeira transição de poder pacífica desde a sua independência, em 1960.
As eleições de 30 de dezembro, com 21 candidatos presidenciais, não se realizaram em todo o território, uma vez que a comissão eleitoral decidiu adiar para 19 de março o ato eleitoral nas cidades de Beni, Butembo e Yumbi, devido à epidemia do Ébola e aos conflitos dos grupos armados.
Inicialmente previstas para 2016, estas eleições de 30 de dezembro tinham sido adiadas duas vezes.
O ainda Presidenete Joseph Kabila governa desde 2001 um país rico em recursos naturais, mas marcado por crises políticas e por um conflito armado que causou milhões de deslocados.
A RDCongo é o maior Estado da África Central, com 81,3 milhões de habitantes (Banco Mundial, 2017), principalmente católicos.