O ex-Presidente do Brasil Lula da Silva é esperado hoje para depor em tribunal, na cidade de Curitiba, num processo em que é acusado de ter recebido benefícios ilícitos numa quinta no interior de São Paulo, como suborno.
Este caso faz parte das investigações da operação Lava Jato, que descobriu esquemas de corrupção na estatal petrolífera brasileira Petrobras e em órgãos públicos do país.
O processo e a operação Lava Jato estavam sob a responsabilidade do juiz Sérgio Moro, que recentemente se afastou do caso após aceitar a nomeação para o Ministério da Justiça no futuro governo do Presidente eleito, Jair Bolsonaro.
Assim, o ex-Presidente deverá depor perante a juíza substituta do processo Lava Jato, Gabriela Hardt, cerca das 14h00 (16h00 em Lisboa).
Antes do depoimento, os líderes do Partido dos Trabalhadores (PT), partido do antigo chefe de Estado, e membros dos movimentos sociais preveem realizar protestos na sede da Polícia Federal em Curitiba, onde Lula da Silva está preso, e também em frente ao edifício da Justiça Federal do Paraná, onde irá depor.
Na acusação deste processo, os procuradores afirmam que algumas reformas feitas pelas construtoras Odebrecht e OAS numa quinta frequentada por Lula da Silva e sua família, na cidade de Atibaia, no interior do estado de São Paulo, teriam sido pagas como parte de um acordo de suborno para que estas empresas fossem beneficiadas em contratos com a Petrobras.
O Ministério Público Federal (MPF) brasileiro alega que as construtoras gastaram pelo menos 700 mil reais (166 mil euros) em reformas no imóvel entre os anos de 2010 e 2014.
A quinta está registada em nome dos empresários Fernando Bittar e Jonas Leite Suassuna, mas os procuradores disseram acreditar que o imóvel na verdade pertenceria ao ex-presidente brasileiro.
Já os advogados de defesa de Lula da Silva afirmaram nos autos do processo que o ex-Presidente não é dono do imóvel e que apenas frequentava o local.
Os advogados também entendem que não foi comprovado pela acusação que o antigo chefe de Estado brasileiro seja culpado dos crimes de corrupção passiva e branqueamento de capitais de que foi acusado neste caso.
Lula da Silva já foi condenado noutro processo da Operação Lava Jato, que investigou a propriedade um apartamento de luxo na cidade do Guarujá e atualmente cumpre uma pena de 12 anos e um mês de prisão.