O Egito do pós Primavera Árabe vive cada vez com maiores dificuldades. As recentes medidas tomadas pelo presidente Al Sissi para tentar o reequilíbrio macro-económico estão a afundar diariamente a economia. A crise profunda que o país atravessa levou o presidente a fazer mudanças no governo. O parlamento aprovou na terça-feira o nome dos novos ministros que deverão aplicar a austeridade.
A crise ilustra-se nomeadamente por uma inflação galopante. Em setembro de 2016 atingia os 13%, em dezembro, 24% e no princípio deste ano chegou aos 30%
Em paralelo com a inflação, a libra egípcia está em forte queda nos mercados internacionais: Desde outubro de 2016, a moeda perdeu metade do valor, de 8,83 libras por dólar em novembro de 2016 passou para 16 libras por dólar em janeiro de 2017. Esta situação deve-se, em grande medida, ao plano de reformas económicas impostas ao país pelo Fundo Monetário Internacional (FMI.)
Os produtos de primeira necessidade como o arroz, a farinha, o café e o açúcar – na maioria importados – viram os preços subir 80% em apenas alguns meses. Todos os outros produtos sofreram uma subida da ordem dos 40%.
E o Egito importa cada vez mais produtos essenciais. No biénio 2016-2017 o consumo de trigo ronda os 20 mil milhões de toneladas. O país importa quase 12 milhões, bem mais de metade.
As famílias, completamente esmagadas pela subida dos preços viram-se, cada vez mais, para os produtos manufaturados localmente. Mas, mesmo assim, a situação é difícil como refere um comerciante, Emad Maher: “Não há um cliente que não se queixe. Coisas que costumavam custar 1 libra agora custam 5, e o que quer que custasse 5, agora custa 10 libras. Alguns preços são exagerados, mas não sei porquê. Há uma razão para que o governo deixe isto acontecer. Qual é a razão, não sabemos”.
A razão é que o FMI acordou um empréstimo de 12 mil milhões de dólares ao Egito em troca de medidas drásticas de austeridade para estabilizar os indicadores macro-económicos. A situação para os egípcios tem tendência a piorar com a segunda vaga de restrições orçamentais já prevista. Em preparação está o aumento do IVA e o fim das subvenções do Estado aos produtos de grande consumo.