França, que preside o G7 desde janeiro passado, quer envolver neste debate os gigantes tecnológicos, conhecidos pelo acrónimo GAFA (Google, Apple, Facebook e Amazon). Algumas destas empresas foram convidadas para a reunião na capital francesa.
As imagens divulgadas dos recentes ataques em duas mesquitas em Chirstchurch, na Nova Zelândia, atribuídos a um supremacista branco, mostraram que a Internet não é só utilizada por grupos extremistas de ideologia islâmica e que não tem uma reação suficientemente rápida e eficaz para impedir a propagação de tais conteúdos através da rede, segundo indicaram fontes governamentais francesas, citadas pelas agências internacionais.
Durante 17 minutos, o principal suspeito transmitiu em direto na Internet os ataques em Chirstchurch.
Para o governo francês, é preciso aprofundar a coordenação internacional nesta matéria e, sobretudo, envolver as GAFA nesses esforços.
Mas, dentro do G7 existem diferentes posições sobre esta matéria.
Enquanto os Estados Unidos, país de origem da maioria dos gigantes tecnológicos, acreditam que o melhor é incentivar estas empresas a remover tais conteúdos, Paris e outros países-membros europeus do G7 (Alemanha e Reino Unido) preferem legislar e aplicar regras que obriguem as companhias a apagar mensagens ou imagens de teor terrorista.
É neste sentido que vai uma proposta da Comissão Europeia, que está atualmente em debate no Parlamento Europeu.
Este último já manifestou, entretanto, algumas preocupações perante um potencial risco desta legislação para a liberdade de expressão.
Apesar das diferenças, os ministros do G7 vão discutir em Paris como combater os conteúdos terroristas na Internet, bem como vão analisar o uso deste meio pelos grupos extremistas para comunicar e para reivindicar as respetivas ações.
Os ministros também vão abordar uma possível remoção obrigatória de tais conteúdos dos servidores e um futuro sistema de identificação, que poderá ser uma espécie de "código de barras", que poderá facilitar o bloqueio.
A promoção de conteúdos positivos alternativos para neutralizar as mensagens de natureza terrorista será outro aspeto em debate.
A reunião de Paris vai também servir para debater o regresso dos ex-combatentes estrangeiros do Estado Islâmico (EI), após a organização 'jihadista' ter perdido o seu último bastião territorial na Síria.
Também neste ponto existem posições divergentes. Washington defende que os países devem repatriar os respetivos cidadãos acusados de pertencerem ao EI, e que estão atualmente detidos na Síria, e julgá-los internamente, enquanto Paris prefere que tais processos sejam conduzidos na região.
Em qualquer dos casos, os países concordam na necessidade de gerir de forma eficaz este dossiê e evitar que o possível regresso destes ex-combatentes seja feito de forma desordenada, uma vez que existem riscos para os países de origem ou de um potencial reagrupamento em outras regiões, como no Sahel ou no Iémen.
A imigração será outro assunto delicado em cima da mesa, nomeadamente a luta contra as redes de tráfico de migrantes, tanto no Mediterrâneo como na fronteira sul dos Estados Unidos.
Os ministros do Interior do G7 vão discutir modalidades de ajuda para os países de origem e de trânsito e a respetiva influência no desmantelamento das redes criminosas de tráfico.
A presidência francesa do G7 também introduziu na agenda da reunião de Paris uma reflexão sobre a luta contra o crime ecológico, com especial atenção para a desflorestação irregular, a circulação de resíduos e a proteção da flora e da fauna ameaçadas de extinção.